Foto 1: Papi com manita no dia 13 de Junho de 2006, aquando esta celebrou 31 primaveras.
Foto 2: Papi com 'moi-même' no dia 30 de Agosto de
2006, quando eu fiz 28 anitos.
(Argh! Mais cabelos brancos... DAMN!!!)
Bem, nem sei muito bem como começar a transcrever o que me vai na mente e coração; afinal, este é o primeiro post de muitos que "habitarão" este blog, espero eu.... A ver vamos...
Sei sim que são inúmeras as pessoas [família & amigo(a)s] que me têm chagado o juízo com perguntas do género: "Quando é que escreves alguma coisa no teu blog?" ou "Eh pá, vê lá se acordas p'ra vida, vou todos os teus dias ao teu blog e nunca tens lá nada?! Melhor, visitantes tens, mas posts népia..." and so on and so on... Estão a identificar-se com a situação exposta? Eu poderia referir nomes, mas como sou um ser polite e discreto (noblesse oblige, como dizia o outro) não o farei. Combinado?
Desta feita, a pedido de muitas famílias, decidi inaugurar o meu cantinho virtual numa data que, este ano, como nunca, me brinda com um travo amargo... Por outro lado, ainda que algo melancólico e nostálgico, sinto-me tranquilo e em paz. Como alguns sabem, aquele falho mas brilhante ser humano a quem eu chamava pai, nos últimos tempos "papi", deixou-nos há sensivelmente quatro meses. E a saudade é tanta, quase tão presente como a nossa necessidade de respirar. A cada dia, em cada situação, objecto, cheiro, música, conselho, dificuldades do dia-a-dia - que só agora me apercebo o quanto ele faz falta para solucionar, por exemplo, preencher os formulários do IRS - e até mesmo quando me olho ao espelho e afins, recordo-me dele, vem-me à memória, está lá...sempre lá (ou cá?!)!!! Não quero de todo parecer mórbido, mas creio que hoje, Pai, no teu dia, mereces esta singela mas sincera e sentida homenagem.
Não é porque partiste que deixei de te sentir, que o meu amor por ti escasseia. Antes pelo contrário, cada vez sinto mais orgulho por ser teu filho, carregar os teus genes, possuir o privilégio de ter usufruido de ti enquanto pessoa. Meu Deus! Acho que é a isto que se chama benção, certo? Obrigado por tudo! Estás tão longe e tão perto e dói profundamente denotar que neste dia algo comercial (contudo, os nossos nunca foram!), em que as montras apelam ao consumismo da data e cada filho prepara um surpresa para o progenitor eu não te posso dar sequer um beijo acompanhado de um abraço e poder dizer-te ao ouvido: "Amo-te muito!" Se o tempo voltasse atrás... como gostava de to ter confidenciado mais vezes...
Eu e mana não te esquecemos, nunca, jamais!!! Não falamos muito nisso, pois nesta família é apanágio sofrer em silêncio, pelo menos eu, que tenho uma capa pseudo-forte... Talvez não queiramos purgar a ferida, arrancar a crosta ainda tão sensível, mas isso não significa que não desejássemos que estivesses aqui, perto de nós, da mãe, que tanto te chora enquanto a solidão a embala. Ai se tivessemos o dom de retroceder no tempo...
Contudo, sei que dadas as circunstâncias foi melhor assim e, mesmo soando a cliché, estejas onde estiveres, estás melhor que todos nós: almas confinadas a um "pote" humano.
Como tal, e porque não me quero alongar mais, deixo-te aqui um género de poema, ou melhor, pensamentos que me inundaram no dia do teu funeral, momentos antes do último adeus, os quais verbalizei publicamente na esperança que tu me ouvisses e que os presentes compreendessem o quão importante eras e és para mim. Todavia, nem este post ou aquela folha branca pautada nem quaisquer palavras serão algumas vez suficientes para testemunhar o oco que esta perda me deixa, a dor, o coração dilacerado, o murro no estômago que agora conheço não só de ouvir falar. Quem ainda tem esta benesse e pode, aproveite! Sem querer parecer moralista, é só isto que posso dizer...
Em tempos, pedi à minha 'miguita Rita Batata Frita para colocar o seguinte texto no seu blog, em sinal de homenagem póstuma ao meu pai, creio que no dia em que fez um mês que ele nos deixou, já não me recordo bem. Agora que também já tenho o meu próprio spot, por que não voltar a repeti-lo? Fica então aqui para a posteridade....
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"ATÉ BREVE…"
Já dizia e cantarolava alguém – que o meu papi tanto apreciava – que “as coisas vulgares que há na vida não deixam saudade”.
E ele era tudo menos vulgar…
E os louvores não eclodem só porque, agora, lamentavelmente, partiu.
Mas sim porque era:
Um bom marido,
Um bom pai,
Um bom filho,
Um bom amigo,
E… enfim, um bonito ser humano!
E, por isso, saudade,
Essa palavra que só existe no léxico de Camões,
Ganha hoje, e para toda a eternidade, tanto sentido.
As palavras que ficaram por dizer,
As acções por fazer,
Os momentos por compartilhar,
Esfumam-se agora em vão.
E por quê?
É que o Amor tudo crê, tudo suporta, tudo vence!
De facto, mais do que nunca, esta é uma realidade,
A minha, a nossa realidade…
As lembranças doem,
Mas também fazem sorrir:
E ele era o rei da risota!
PAI…
Há gente que fica na história, na história da gente…
Para sempre!!!
13 de Novembro de 2006
Fernando dos Santos e Silva
* 02. Dez. 1944 - 12.Nov.2006*
P.S. - Peço aos visitantes que me perdoem se me "estiquei" demais. Prometo que nas próximas vezes abordarei temas mais alegres e/ou divertidos, quiçá sinistros, mas hoje deu-me para aqui. Ainda assim, o blog é meu e faço dele o que me apetece e dá na real gana, certo? Vá, mas voltem sempre! Serão super-hiper-mega-ri-fixe-bem-vindos, como diria a monga da Floribella, eheheh! Até quando for pertinente, saudações patéticas...